Na manhã desta quinta-feira, 17, os trabalhadores e trabalhadoras da educação, num Ato Público que culminou com uma caminhada pelas ruas do Centro de Lauro de Freitas, decidiram continuar com as atividades paralisadas até a próxima assembleia da categoria que acontecerá no dia 22/02, terça-feira, na Associação dos Funcionários Públicos do Estado da Bahia, quando terão uma resposta do governo municipal que se reunirá com a comissão da Asprolf na segunda-feira, 21/02, às 09h.
A categoria decidiu em assembleia, realizada no dia 15/02, que haveria o ato público com a intenção de chamar a atenção do Poder Público e entregar um Manifesto em defesa da educação de qualidade e contra a precariedade das escolas públicas, o descaso com a educação e a demissão desordenada dos trabalhadores temporários.
Após as discussões sobre a situação das demissões e da precariedade da educação, os trabalhadores resolveram sair em caminhada pelas ruas do Centro de Lauro de Freitas, cantando: "Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão", referindo-se a forma como o governo municipal pagou aos trabalhadores que sempre acreditaram no governo democrático e popular da prefeita Moema Gramacho. Ao chegar na frete da prefeitura, os representantes dos trabalhadores e mais duas trabalhadoras demitidas foram atendidos pelos secretário de governo, Ápio Vinagre, a secretária de administração, Leila Inglid, o secretário de educação, Paulo Aquino, e o assessor direto da prefeita, Aliomar. A comissão entregou o manifesto nas mãos da secretária de administração e agendou nova reunião para o dia 21/02, segunda-feira, às 09h, no gabinete da prefeita.
Logo depois da reunião, a categoria que aguardava um posicionamento do Poder Executivo aprovou por unanimidade a continuidade da paralisação até a próxima terça-feira, 22/02, quando acontecerá uma nova assembleia, às 14h, na Associação dos Funcionários Públicos do Estado da Bahia.
Para situar o leitor um esclarecimento prévio. Paulo Freire aponta as razões porque nós professoras, professores devemos rejeitar sermos chamados de tias, tios. A saber:
“A recusa, a meu ver, se deve sobretudo a duas razões principais. De um lado, evitar uma compreensão distorcida da tarefa profissional da professora, de outro, desocultar a sombra ideológica repousando manhosamente na intimidade da falsa identificação. Identificar professora com tia, o que foi e vem sendo ainda enfatizado, sobretudo na rede privada em todo o país, quase como proclamar que professoras, como boas tias, não devem brigar, não devem rebelar-se, não devem fazer greve. Quem já viu dez mil “tias” fazendo greve, sacrificando seus sobrinhos, prejudicando-os no seu aprendizado? E essa ideologia que toma o protesto necessário da professora como manifestação de seu desamor aos alunos, de sua irresponsabilidade de tias, se constitui como ponto central em que se apóia grande parte das famílias com filhos em escolas privadas. Mas também ocorre com famílias de crianças de escolas públicas.
Me lembro agora de como o então presidente da Associação de Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo – Apeoesp –, professor Gumercindo Milhomem, alguns anos passados, respondeu à acusação de famílias de alunos das escolas da rede estadual, em greve, num programa de televisão. As famílias acusavam os professores de prejudicar seus filhos, descumprindo o seu dever de ensinar, a que Gumercindo respondeu que havia um equívoco na acusação. Professoras e professores em greve, dizia ele, estavam ensinando, estavam dando a seus alunos, pelo seu testemunho de luta, lições de democracia (de que tanto precisamos neste país, acrescento agora).
Reflitam, caros colegas!
Se aceitarmos sermos responsabilizados pela educação de "sobrinhos" onde ficarão nossos direitos de profissionais de educação? Se reduzirá a briga de família?
Somos cobrados (e devemos ser) como profissionais que sejamos tratados e nos comportemos como tais!
Estejamos alertas e engajados com o movimento. Estarei amanhã na assembléia e vc?