domingo, 22 de maio de 2011

“Verdade ou realidade, eis a questão”

A prefeitura de Lauro de Freitas mostra como verdade que paga um dos melhores salários da Bahia ao professor. A Asprolf mostra a realidade: um professor do antigo magistério ganha apenas R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais). O melhor salário da Bahia e do Brasil quem paga é o município de Madre de Deus.

A prefeitura de Lauro de Freitas mostra como verdade que, em dois anos, “investiu” 2,8 milhões em construção e reformas de escola. A Asprolf mostra a realidade: há uma política de aluguel de convênios e de anexos inóspitos. Além disso, somente este ano a prefeitura gastará quase 3 milhões em comunicação interna e externa.

A prefeitura de Lauro de Freitas mostra como verdade que valoriza o trabalhador. A Asprolf mostra a realidade: um profissional do magistério ganha equivalente ao salário mínimo, recebe um ticket de alimentação no valor de R$ 5,23 (cinco reais e vinte e três centavos), não tem formação continuada. Um funcionário de escola (porteiro, merendeira, zelador etc.) recebe um salário mínimo e mais R$ 10,00 (dez reais), trabalhava 30h/semanais, agora, após Decreto da prefeita, trabalha 40h/semanais, e a maioria sem direito de receber o ticket de alimentação. Muitos desses trabalhadores são contratados em uma função e desempenham diversas funções.

A prefeitura de Lauro de Freitas mostra como verdade que tem uma educação de qualidade. A Asprolf mostra a realidade: as escolas do município estão precárias, muitas delas são conveniadas, e anexos alugados, sem as mínimas condições de receber alunos. Escolas há com rachaduras nas paredes, nas colunas que as sustentam, escolas sem áreas para o lazer, merendas inadequadas. Escolas sem carteiras para os alunos; salas de aula sem carteiras e mesas para o professor trabalhar.

A prefeitura de Lauro de Freitas mostra como verdade que é um governo do trabalhador. A Asprolf mostra a realidade: a greve dos trabalhadores em educação tem sido combatido pelo governo da prefeita Moema Gramacho com perseguições, manipulações (colocando carro de som nas ruas, e distribuindo COMUNICADO com informações falaciosas), ameaça de corte de salários, e a impetração de ação judicial contra os profissionais da educação.

A verdade é uma coisa, a realidade, outra. Veja a explicação no texto abaixo.

Todo conhecimento coloca o problema da verdade, quando nos perguntamos se o que está sendo enunciado corresponde ou não à realidade.

Comecemos distinguindo verdade e realidade. Na linguagem cotidiana, frequentemente os dois conceitos tendem a se confundir. Se nos referimos a um colar, a um quadro, a um dente, só podemos afirmar que são reais e não verdadeiros ou falsos. Se dizemos que o colar ou o dente são falsos, devemos reconhecer que o falso colar é uma verdadeira bijuteria e o falso dente um verdadeiro dente postiço.

O falso ou o verdadeiro não estão na coisa mesma, mas no juízo, e portanto no valor de verdade da afirmação. Há verdade ou não depende de como a coisa parece para o sujeito que conhece. Por isso dizemos que algo é verdadeiro quando é o que parece ser. Assim, ao beber o líquido escuro que me parecia café, descubro que o falso café é uma verdadeira cevada. A verdade ou falsidade existe apenas no juízo “este líquido é café”, no qual se estabelece o vínculo entre sujeito e objeto, típico do processo do conhecimento. (Aranha e Martins, Filosofando: introdução à Filosofia. Moderna).

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