A desastrosa política de precarização do que é Público, além de negar ao Brasil a esperança no futuro, incinera nossas perspectivas de passado.
O incêndio no Museu Nacional é mais uma expressão da galopante deterioração das políticas públicas de acesso a Educação neste golpeado país. O prédio em chamas, situado no charmoso bairro de São Cristóvão, foi a residência da Família Real, no século XIX e guarda, além desta memória, um vastíssimo acervo histórico. Pertencente a Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele provavelmente será o pioneiro de um projeto agressivo de desmonte da pesquisa no Brasil. Já em 2015, o Museu Nacional apresentava dificuldades de financiamento, antes mesmo que o Congresso Nacional aprovasse a emenda constitucional número 95 que atrela o crescimento das despesas primárias do Governo Federal a inflação do ano anterior. Se o dinheiro para a sua manutenção já era insuficiente, a tendência é que este equipamento e outros, pertencentes a instituições federais, experimentem também a mesma ausência de recursos. O incêndio do Museu Nacional ocorre pouco tempo depois dos órgãos de fomento a pesquisa no Brasil anunciarem a possibilidade de todas as bolsas de mestrado e doutorado serem suspensas no ano de 2019. No mesmo contexto em que avançamos em nosso município com o destravamento do plano de carreira e com isso estimulamos nossos profissionais do magistério a continuarem buscando a necessária formação continuada, vivemos essa destruição em série da pesquisa no Brasil que traz automaticamente consequências duras para a formação dos docentes que chegam a Educação Básica.
O ASPROLF Sindicato lamenta o ocorrido no Museu, solidariza-se com os inúmeros pesquisadores que ajudaram a construir a glória deste relicário da memória brasileira e repudia o descaso com a pesquisa brasileira. A produção do conhecimento é uma questão de soberania popular e deve ser compreendida como tarefa estratégica para a redução das desigualdades sociais.
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