quarta-feira, 28 de março de 2018

TIROS VOLTAM A SER ESTRATÉGIA "POLÍTICA" NO BRASIL: O ATENTADO CONTRA A CARAVANA DE LULA E A EDUCAÇÃO


O atentado contra a caravana de Lula, atingida por tiros no Paraná, é também um atentado contra a Educação. O Golpe parlamentar, judicial e midiático que resultou na retirada da presidente Dilma Rousseff, em 2016, foi, naquele contexto, interpretado por muitos como uma etapa normal do ordenamento jurídico brasileiro. Não foram poucos os que retrucavam o então grito de protesto "não vai ter golpe" com a resposta "o impeachment é constitucional". 

O espetáculo midiático em torno da Operação Lava Jato fez com que alguns dos nossos colegas inclusive acreditassem que aquela ruptura institucional era parte de um grande expurgo que o país estava fazendo em relação aos seus escandalosos esquemas de corrupção. Não demorou muito para que o conjunto de ataques frontais erigidos especialmente no congresso nacional contra o povo, como o congelamento dos investimentos em saúde e educação por 20 anos, a terceirização irrestrita e a reforma trabalhista, além da tentativa de desmonte da previdência social fizessem com que a opinião pública mudasse em geral e hoje a ideia de que o povo está sendo golpeado é cada vez mais presente.Há alguns colegas entretanto que infelizmente não percebem ainda a relação entre os ataques desferidos a lideranças populares como Lula como parte de um processo continuado de guerra contra os direitos. 

A candidatura de Lula significa voltarmos a ter uma pauta nacional progressistas em relação a Educação e os detratores de Lula entendem isso e por esse motivo o agridem. Para além dos equívocos que muitos podem identificar no ciclo de 13 anos dos governos petistas, é preciso compreender que o atentado a Lula não é apenas uma afronta pessoal contra um sujeito. É um ataque a Lei do Piso e seu projeto de equidade salarial entre trabalhadores da Educação e demais profissionais. É um ataque a expansão da rede federal de ensino público. É um ataque ao Plano Nacional de Educação e suas metas de expansão como os 10% do PIB para a Educação. Ao atacarem a caravana do PT, as hordas fascistas que lá estiveram fizeram muito mais do que tentar a intimidação a um determinado político. 

Repudiar tais ataques é tarefa de todo e qualquer agente que luta por uma Educação pública, gratuita e de qualidade.

Vejam uma amostra da repercussão internacional sobre o caso:

Brasilwire, União Europeia

Violência contra a esquerda brasileira: milícias atacam caravana de Lula. No Rio Grande do Sul, milícias de direita espancaram quatro mulheres durante um discurso de Lula, bloquearam estradas para impedir que as pessoas comparecessem aos eventos.

http://www.brasilwire.com/ruralist-militias-attack-lula-rallies/

Le Monde, França

No sul do Brasil, a caravana de Lula foi alvo de disparos. Os tiros foram ouvidos em torno de 18 horas. Ninguém ficou ferido.  Em cada uma de suas etapas no sul do Brasil, a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na pré-campanha eleitoral, foi recebida por grupos hostis, insultos, ovos ou pedras atiradas. Terça-feira 27 de março, o ódio contra a ex-sindicalista, figura da esquerda brasileira, condenado a 12 anos de prisão por corrupção, cruzou um novo limiar

http://www.lemonde.fr/ameriques/article/2018/03/28/dans-le-sud-du-bresil-la-caravane-de-lula-vise-par-les-tirs_5277266_3222.html

Página 12, Argentina

Quatro tiros contra a caravana de Lula no Estado do Paraná. O Paraná foi o único estado do Brasil visitado pelo ex-presidente que não ofereceu escolta policial. "Se eles acham que com pedras e tiros vão quebrar minha vontade de lutar, estão errados", disse o candidato melhor posicionado para vencer em outubro. As balas atingiram dois ônibus que participaram de sua turnê.

https://www.pagina12.com.ar/104299-cuatro-disparos-contra-la-caravana-de-lula 

El País, Espanha

A caravana do expresidente Lula foi atingida por balas no sul do Brasil. O político finaliza um giro eleitoral marcado pela violência. Ninguém foi ferido. A caravana termina hoje em Curitiba. Na capital do estado do Paraná também confluirão grupos de direita e adeptos do ultradireitista Jair Bolsonaro.

https://elpais.com/internacional/2018/03/28/actualidad/1522225842_315004.html

The Wall Street Journal, EUA

Ônibus de campanha de Lula atingido por tiros de arma de foto, diz o Partido dos Trabalhadores brasileiro. Críticos do antigo presidente afirmam ter sido uma encenação para ganhar votos. Ninguém ficou ferido

https://www.wsj.com/articles/lula-campaign-buses-hit-by-gunfire-brazils-workers-party-says-1522212484

Sputnik News, Rússia

O pré-candidato à presidência, Geraldo Alckmin teria dito que os o militantes do PT "estão colhendo o que plantaram”, ao comentar ataque a tiros à caravana de Lula pelo sul do país. O atentado teria ocorrido na estrada entre as cidades de Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no estado do Paraná. O ex-presidente Lula não estava no local do atentado. A senadora Gleisi Hoffmann afirmou que a caravana foi vítima de uma emboscada.

https://br.sputniknews.com/brasil/2018032810842180-alckmin-lula-doria-ataque-caravana-sul-parana-eleicoes-presidenciais-2018/

terça-feira, 27 de março de 2018

SEMED PUBLICA LISTA DE PROCESSOS INDEFERIDOS E DÁ PRAZO DE 30 DIAS PARA RECURSOS


Informamos que a SEMED publicou, no dia 23 de Março, no Diário Oficial do Município, uma lista de processos indeferidos. As pessoas que tem seus nomes na lista devem comparecer ao setor de Processos Administrativos da SEMED, para tomar ciência dos motivos do indeferimento, para posteriormente entrar com recurso contra o indeferimento ou sanar as pendencias que constam no processo, ou seus processos serão arquivados. Para isso, há um prazo de 30 dias. Se você conhece alguém que está nesta lista avise-a para que esta ou este não percam o prazo. Ao fim dos 30 dias os processos serão arquivados. 

Para acessar o Diário Oficial CLIQUE AQUI


sexta-feira, 23 de março de 2018

ASPROLF EXIGE PAGAMENTO DO 1/3 DE FÉRIAS DOS PROFISSIONAIS EM REGIME REDA E COSTURA ACORDO PARA HORAS EXTRAS DOS AUXILIARES DE CLASSE


O representante da SECAD informou que “havendo vaga nas escolas da rede, a prioridade será conceder hora extra aos Auxiliares de Classe”

Com a ausência da prefeita Moema Gramacho, a reunião que aconteceu na manhã de hoje (23), no Centro de Cultura de Portão, entre representantes do governo, a ASPROLF e membros da Comissão paritária, marcada para às 09h, começou às 10h40, o que fez com que professor Edson Paiva (comissão paritária) cobrasse do Executivo pontualidade no encontro, já que a escolha da agenda é feita por eles e acordada pelos representantes dos trabalhadores em educação.  

Mediada pelo secretário de administração, Ailton Florêncio, que fez um resumo das deliberações da reunião anterior (19/03), a mesa de negociação tratou superficialmente dos eixos 1 (financeira) e 3 (valorização do profissional e plano de carreira) da Pauta Reivindicatória sem avançar muito, porque, como afirmou o secretário Ailton, “eles não estariam autorizados pela prefeita a decidir nada". Sendo assim, o encontro funcionou mais como debate do que para deliberações.

O presidente da ASPROLF, Valdir Silva, cobrou resposta aos ofícios enviados ao governo na última quarta-feira (21) sobre o pagamento do 1/3 de férias dos profissionais REDA e das 20 horas extras semanais para os Auxiliares de Classe.  O secretário de administração afirmou que até o final de abril os REDA’s devem receber o 1/3 de férias e, quanto aos Auxiliares de Classe, “havendo vaga nas escolas da Rede, a prioridade será conceder horas extras aos Auxiliares de Classe.” Ailton afirmou ainda que “a SEMED vai apresentar as necessidades no período de 02 a 06/04.”


O diretor da ASPROLF, Rafael Henrique, puxou a Pauta da atualização do Piso do magistério fazendo um histórico do assunto e novamente o secretário de educação, Paulo Gabriel Nacif, afirmou que “não existe a possibilidade da prefeita não cumprir a Lei do Piso, porém ela não autorizou os secretários a fechar a negociação.”

quinta-feira, 22 de março de 2018

REUNIÃO PARA DEFINIR A CONSULTA PÚBLICA PARA ELEIÇÃO DE DIRETORES E VICES TEM NOVA DATA



Esteve reunida, nesta terça-feira, as 9:30h, na Secretaria Municipal de Educação, a Comissão que trata da consulta pública para eleição dos cargos de diretores e vice-diretores das escolas da Rede Pública Municipal de Lauro de Freitas. 

A reunião teve início com a fala do diretor da ASPROLF Rafael Henrique destacando que houve quebra do acordo firmado consensualmente no âmbito da Comissão. Pois, ao final dos trabalhos da Comissão, formada paritariamente por membros do governo e da categoria, ficou acordado que nas escolas próprias do município, poderiam se candidatar apenas servidores concursados e nas escolas "conveniadas" (que na realidade são alugadas), concursados e não concursados poderiam concorrer. No entanto, a lei publicada indica que concursados e não concursados poderiam concorrer em qualquer escola.

O Secretário de Educação, Paulo Gabriel Nacif, sugeriu que a prefeita encaminhou o projeto de lei formulado pela Comissão, no entanto a Câmara decidiu mudar a redação. 
Após a chegada da prefeita Moema, o diretor Rafael tensionou o debate afirmando que o que estava em jogo era a defesa da autonomia das escolas diante de práticas clientelistas que já são tradição no município. A mudança da redação por parte da Câmara indica um esforço de vereadores para continuar interferindo negativamente no desenvolvimento das escolas, fazendo delas meios para conquista de votos. 

A prefeita Moema Gramacho, indicou a impossibilidade prática de realizar as eleições em abril, devido a série de etapas que precisariam ser cumpridas para a publicação do edital. O Sindicato exigiu que os acordos fossem cumpridos, inclusive as datas, para garantir que o segundo semestre já inicie com os diretores e vices eleitos.

Outra reunião foi marcada para próxima terça-feira, dia 27 de março.

terça-feira, 20 de março de 2018

VITÓRIA DA CATEGORIA: EXECUTIVO DECIDE HONRAR PLANO DE CARREIRA



Após anos de pressão e de intensa luta da categoria a carreira avançará. O acordo é pagar em julho todas as progressões horizontais, verticais e acréscimos pecuniários apreciadas pela Comissão de Processos.

Em reunião ocorrida na tarde desta segunda-feira (19), no Centro de Cultura de Portão entre a prefeitura de Lauro de Freitas, ASPROLF e Comissão Paritária, a prefeita atendeu parte das solicitações da categoria da educação e deu encaminhamento final a uma gama de processos que estavam parados desde 2012.

A reunião começou as 15:30h com uma série de debates, nos quais, o presidente do sindicato, Valdir Silva insistia com os secretários de administração Ailton Florêncio, de educação, Paulo Gabriel Nacif, o chefe de gabinete, Leto Lopes e o Secretário de governo Lula Maciel, que apresentassem um cronograma de pagamento de todos os processos parados, lembrando, na mesa, o acordo feito pela prefeita no ano anterior, quando ela assumiu o compromisso de divulgar um calendário de pagamento dos processos atrasados até o mês de janeiro deste ano. 

As 18:10h, com a chegada da prefeita Moema à reunião, Valdir faz um histórico da questão dos processos da educação que se arrastam desde 2012, destacando que a questão fere frontalmente o direito dos trabalhadores, direito respaldado pela lei que dá ao governo um prazo de 60 dias para responder as solicitações dos servidores.  Valdir lembrou que esse problema já levou nossa categoria a uma greve e que estávamos dispostos a repeti-la se preciso fosse para assegurar tais direitos. 

Moema então afirmou que, diante de análises de impacto financeiro e da capacidade orçamentária do município, decidiu pagar parte dos processos em julho deste ano. Todos os processos de avanço vertical, horizontal e acréscimo pecuniário que foram analisados no ano anterior pela Comissão de Processos.  Declarou: “ Vamos pagar todos os processos no mês de julho deste ano. Antes, em junho, divulgaremos no Diário Oficial do Município uma lista desses processos.” 

Alegando dificuldades financeiras, a prefeita ainda afirmou que o pagamento dos retroativos, (também finalizados pela Comissão), serão pagos depois, sem estipular uma data, e que “dedicação exclusiva e enquadramento vai sair de acordo com a necessidade da gestão. ”  Sobre os processos de licença prêmio o acordo foi ir regularizando o atendimento gradativamente. E que sobre pecúnia atenderá apenas casos extraordinários. Sobre os processos de dedicação exclusiva, a prefeita insistiu que só sairão quando houver interesse expresso do poder público.

Após a explanação da prefeita o sindicato expressou sua insatisfação com a ausência do pagamento dos retroativos. A professora Fátima lembrou que a maioria da nossa Rede é composta por mulheres, mulheres negras e pobres, pedindo sensibilidade à prefeita no que se refere a garantir os direitos dessas mulheres que já passam por inúmeras dificuldades impostas por nossa sociedade.

Valdir trouxe, ainda à discussão, o caso dos auxiliares de classe, exigindo que o acordo feito em mesa, no início do ano anterior, fosse cumprido. O Secretário Administração Ailton declarou que há uma espécie de nó jurídico no caso, um empecilho legal que impede a administração pública de realizar desdobramentos de auxiliares de classe pois, segundo ele, desdobramento só existe na carreira do magistério. O acordo para superar o impasse foi de consultar a Procuradoria Jurídica formas de realizar o “desdobramento” a partir do pagamento de horas extras.

O presidente da ASPROLF também destacou que o enquadramento é um direito do servidor quando há necessidade real do poder público, que o executivo não pode negar esse direito e que precisa dar transparência a esse processo. 


Ao final da reunião, foram deliberados os seguintes pontos:

⇛ Os processos administrativos (progressão horizontal vertical acréscimo pecuniário), serão pagos na folha do mês de julho deste ano. E em junho será divulgado via Diário oficial do Município, uma lista desses processos;

Na próxima reunião a gestão municipal apresentará uma proposta para análise dos processos referentes aos pedidos de enquadramento;



⇛ Será planejado o atendimento às solicitações de  Licenças prêmio de acordo com demanda ;

⇛ Sobre os profissionais Auxiliares de Classe, a ASPROLF vai oficializar uma consulta para a SECAD sobre a possibilidade jurídica e administrativa de haver concessão de 20h extras por semana.


A próxima reunião será realizada na sexta-feira, dia 23 às 9h, onde deve-se amarrar todas essas questões e entrar na discussão dos eixos da Pauta Reivindicatória.

sexta-feira, 16 de março de 2018

O DESAFIO DE DIZER - MARIELLE! PRESENTE



O direito de dizer é também direito de trazer à existência uma percepção de mundo, um jeito de ver, de sentir, de experimentar a vida. Não dizer ou não poder trazer à existência sua versão é estar condenado a assumir o dito, a voz, a versão do outro; é estar condenado a assumir o olhar de outros, os valores de outros, o lugar de outros; é perder-se no Outro que nos viola.

No texto sagrado, as coisas passam a existir quando Deus diz: “Disse Deus, haja luz e houve luz”. Mas, isso não é uma prerrogativa apenas divina. Para existir é necessário que seja dito. Foi necessário dizer violência, barbárie, injustiça, extermínio, genocídio quando se falava em escravidão para superar vozes hegemônicas que diziam: natural, determinado por Deus, inferior, sub-raça. Mas essas palavras não foram ditas a troco de nada, elas custaram vidas e muito sangue derramado. A batalha pelos discursos não é luta retórica, é guerra sangrenta que já derramou muito sangue e que ainda abate a vida dos que tiveram os direitos de dizer e de ser subtraídos. 

Diante desse cenário, podemos dizer que grande parte das pessoas se encontram entre aquelas que assumiram o discurso dominante. Esse discurso, por ser amplamente assumido, se torna comum, torna-se “senso-comum”. Há outros que conseguem dos seus lugares emitir sons novos, balbuciar palavras novas, autênticas, que criam e recriam espaços mais diversos, solidários e humanos. E há aqueles que ousam ocupar outros lugares, lugares destinados aos produtores dos discursos estabelecidos e fazer nascer nesses lugares, novas versões. Feiticeiras e feiticeiros das palavras, dizem e fazem surgir a possibilidade de novos mundos. 

Essas pessoas sempre foram perigosas para os poderes estabelecidos. Marielle, a vereadora eleita com quase 50 mil votos, a quinta mais votada no Rio de Janeiro, conseguia com sua voz fazer surgir em alto som vozes antes apagadas, rasuradas e subtraídas da história: a voz do pobre favelado, a voz da mulher, a voz da negra, a voz da Maré. É mais que evidente que o assassinato de Marielle não foi um crime comum, como a grande mídia já tenta impor para justificar ainda mais violência contra pobres favelados do Rio. Foi um silenciamento. Não conseguiram calá-la de outra forma, tamanha a força com que a vereadora fazia nascer novos discursos e novas vozes no mundo.

O Sindicatos dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Lauro de Freitas, ASPROLF, composta majoritariamente por mulheres negras, lamenta profundamente e sente-se, desafiado a, como Marielle, dizer nossas palavras. Dizer outras palavras em meio a discursos misóginos, fascistas, homofóbicos, racistas, xenofóbicos. Fazer ecoar palavras como igualdade, solidariedade, justiça social, salários justos, direitos humanos, ao mundo do Capital que nos impõe injustiças, violências, armas e guerras. Produzir ditos subversivos que tragam novas versões à lamentável versão que tenta ser imposta violentamente ao país.


Marielle! Presente, hoje e sempre. 

sábado, 10 de março de 2018

COMUPE DESTACA A IMPORTÂNCIA DA LUTA POR UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE



Com o tema ‘Implantar os Planos de Educação, é defender uma educação pública de qualidade, social, gratuita, laica e emancipadora,’ a COMUPE foi aberta na noite da sexta-feira (9), na Escola Municipal Dois de Julho, para o primeiro dia de debates com a participação de autoridades em educação e diversos setores da sociedade civil de Lauro de Freitas.

A COMUPE, tem como objetivo mobilizar a sociedade laurofreitense para intensificar o monitoramento e avaliação do PNE (Plano Nacional da Educação), além de propor políticas públicas e ações que indiquem responsabilidades entre os entes federativos e os sistemas de educação. 
Na mesa de abertura estavam presetes o presidente do CME, Rafael Henrique Costa, o presidente da ASPROLF, Valdir Silva; a professora e doutora titular da UFBA, Celi Taffarel; o diretor da APLB, Marcos Barreto; a professora do campus avançado da UNEB Lauro de Freitas, Maria de Almeida; 
o coordenador do Fórum Nacional da Educação na Bahia, Marcius Almeida; a professora Marlene Silva, representante do Estadual do EJA e o secretário municipal da educação, Paulo Gabriel Nacif.

A professora Celi destacou que as metas da universalização da educação básica e o financiamento. Ela apontou a necessidades da construção de um relatório de políticas públicas para a educação que indique as funções do Estado e sua responsabilidades na garantia dos direitos do cidadão. “Ter um relatório com posições avançadas para lutas em prol da educação é direito de todos e dever do Estado.”

O presidente da ASPROLF, Valdir Silva, chamou a atenção para o ano eleitoral e a responsabilidade que temos de votar em quem defende e luta pela educação e a manutenção de uma educação pública de qualidade.

O segundo e último dia da COMUPE  que teve início às 9h de hoje (10), foi para construção do Documento-Referência que será encaminhado à Conferência Estadual Popular da Educação. O presidente do CME, Rafael Henrique Costa, coordenou a divisão dos grupos que produziu as propostas dos Eixos do Documento-Referência.

Foram debatidos e aprovados pela plenária os seguintes Eixos temáticos:
I - Planos decenais e SNE (Sistema Nacional de Educação): instituição, democratização, cooperação federativa, regime de colaboração, avaliação e regulação da educação;
II - Planos decenais e SNE: qualidade, avaliação e regulação das políticas educacionais;
III - Planos decenais, SNE e gestão democrática: participação popular e controle social;
IV - Planos decenais, SNE e democratização da Educação: acesso, permanência e gestão;
V - Planos decenais, SNE, Educação e diversidade: democratização, direitos humanos, justiça social e inclusão;
VI - Planos decenais, SNE e políticas intersetoriais de desenvolvimento e Educação: cultura, ciência, trabalho, meio ambiente, saúde, tecnologia e inovação;
VII - Planos decenais, SNE e valorização dos profissionais da Educação: formação, carreira,
remuneração e condições de trabalho e saúde; e
VIII - Planos decenais, SNE e financiamento da educação: gestão, transparência e controle

social.

sexta-feira, 9 de março de 2018

EM REUNIÃO COM ASPROLF, PREFEITA NÃO AVANÇA NAS NEGOCIAÇÕES E JUSTIFICA CAOS DA INFRAESTRUTURA NA REDE DE ENSINO




Para Moema, a falta de infraestrutura das escolas do município, que colocam em risco a integridade física das crianças e de profissionais da educação, não é um problema

Os diretores da ASPROLF e Comissão Paritária se reuniram na manhã de hoje (9), no Centro de Cultura de Portão com a prefeita Moema Gramacho (que chegou com mais de 1h de atraso), e representantes do Executivo (secretário de educação Paulo Gabriel, chefe de gabinete Leto Lopes, secretário de governo Lula Maciel e de administração Ailton Florêncio), com o objetivo de apresentar um cronograma de pagamento dos processos administrativos da educação.

O presidente do sindicato, Valdir Silva, ressaltou que esse cronograma foi prometido por Moema desde janeiro, por isso é importante queira tenha pressa em trazê-lo. “São processos de quase 10 anos estagnados, pagamentos retroativos, enquadramentos etc, não dá pra esperar mais,” destacou.

No meio da reunião, estudantes da Escola Municipal Solange Coelho fizeram uma intervenção para reclamar da estrutura da escola. “Nada funciona lá. Faltam carteiras, ventiladores, livros, portas quebradas, estamos sem aula de educação física porque a quadra está sem condições de uso. A senhora já estudou em uma escola com rato passeando dentro da sala dela?, ” perguntou um aluno indignado com a situação.

A prefeita aproveitou o momento para fugir da pauta dos trabalhadores e afirmou, que a precariedade nas escolas não é motivo para suspender aula e nem para aluno ficar fora da classe. Esquecendo ela que esses problemas de infraestrutura, muitas vezes, colocam em risco a integridade física das crianças e dos profissionais da educação. Exemplo disso pode ser visto na Escola Príncipe da Paz, que não iniciou o ano letivo justamente por conta desse problema, e outras tantas flagradas nas últimas reportagens da TV Bahia e Record. Valdir destacou que a falta de comprometimento e respeito do governo com os profissionais da educação  está empurrando a categoria para um movimento grevista.

Diante da manobra do Executivo para não avançar na pauta, os representantes dos trabalhadores conseguiram aprovar uma agenda de negociações onde serão tratadas as questões dos processos, a Pauta Reivindicatória 2018 e a volta da Eleição Direta para Gestor e Vice de Escola. As próximas reuniões acontecerão nos seguintes dias:
Dia 19/03 (segunda-feira), às 15h serão discutidos os processos administrativos (quando o Executivo deve apresentar o cronograma de pagamentos), e a Pauta Reivindicatória 2018;
Dia 20/03 (terça-feira), às 9h será discutida a volta da Eleição de Gestor e Vice de Escola;
Dia 23/03 (sexta-feira), às 9h serão discutidas a Pauta Reivindicatória 2018 e os processos administrativos.


quinta-feira, 8 de março de 2018

COMUPE COMEÇA AMANHÃ E VAI DEBATER POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO DE LAURO DE FREITAS



De amanhã (09) até o sábado (10), os trabalhadores municipais da educação de Lauro de Freitas participarão da COMUPE - Conferência Municipal Popular da Educação, que tem como objetivo discutir políticas públicas para a educação, com a implementação de planos que defendam a construção e manutenção de uma educação pública de qualidade, social, gratuita, laica e emancipadora. 
A COMUPE visa ainda, monitorar as metas no Município para a educação, assim como servir de etapa preparatória para a Conferência Estadual. Por tanto nesse sentido, a participação popular é importantíssima, pois é a comunidade local a principal interessada na busca de melhorias e de maiores investimentos na educação pública.
O evento que acontece na Escola Municipal Dois de Julho no bairro de Itinga, na sexta-feira (09), começa a partir das 17h, e no sábado o início será às 08h às 17h.



quarta-feira, 7 de março de 2018

MULHERES NEGRAS POR UMA LUTA INTERSECCIONAL E TRANSFORMADORA!


Por Andréa Souza*

Todas as mulheres são brancas,
 Todos os negros são homens,
Mas algumas de nós são corajosas **


Março consolidou-se como o mês da mulher. Durante esse período, as pautas e lutas das mulheres ocupam espaço de destaque nas instituições governamentais e em ou-tros setores da sociedade. Para nós, mulheres, é mais que um mês festivo, é um es-paço para dar visibilidade às nossas demandas e estreitar o diálogo com a sociedade sobre os direitos das mulheres. Contudo, para que as questões de gênero sejam mais que um evento pontual, precisamos que os espaços de poder e privilégio sejam en-tendidos também como espaços de atuação das mulheres, pois, no percurso histórico do Brasil, o entrecruzamento entre raça, gênero e classe consolidou a esfera pública e o exercício do poder como atributos masculino e branco. Somos maioria da popu-lação, porém estamos sub-representadas nas esferas de poder, onde homens brancos e ricos mantêm o monopólio sobre a vida pública. Essa desproporção numérica da representatividade feminina tem consequências que implicam diretamente sobre nos-sos direitos, até o mais básico deles, o direito à vida – de acordo com a ONU Mulhe-res, a taxa de feminicídio no Brasil é a quinta maior do mundo. 

A sub-representação política não significa que estamos ausentes nos espaços organi-zados de luta e militância. Luta é, por essência e definição, uma palavra feminina e a história do nosso país está repleta de mulheres que resistiram e continuam resistindo ao machismo e ao patriarcado. Estamos nos sindicatos, nas ONG’s, nas associações de bairros, nos partidos políticos, na liderança de espaços religiosos, entre outros. Nossa presença nesses espaços, ainda que a contrapelo, tem promovido uma abertu-ra ao debate de gênero e promovido transformações na sociedade, mesmo que a passos lentos. Embora a história do Brasil tenha estabelecido o movimento sufragista como marco da inserção das mulheres nos espaços políticos, a luta política das mu-lheres remonta aos tempos coloniais, quando mulheres negras libertas, livres ou em condição escrava lutaram lado a lado com homens negros sob as mesmas condições por liberdade. Portanto, sem desmerecer a importância do Oito de Março, precisa-mos pensar que mulher tem sua memória e vida celebradas nessa data. Falar em Mu-lher, no singular, não dá conta da diversidade sociorracial do país. Ao interseccio-narmos raça, classe e gênero visibilizamos mulheres negras e indígenas, grupos que não usufruem na mesma proporção dos avanços democráticos experimentados pelas mulheres brancas. 

A análise interseccional não nos permite apenas entender as mulheres, em especial as mulheres negras e as mulheres indígenas, mas também entender e repensar a socie-dade como todo, nos permite ressignificar os papéis de gênero e desnaturalizar as desigualdades de raça e classe. As mulheres negras brasileiras experienciam a opres-são de gênero de forma diferente das mulheres brancas porque a raça aprofunda e intensifica a invisibilidade, a violência e a desproporcional representatividade das mulheres negras. A combinação das opressões implica na reprodução de desigualda-des econômicas, sociais e de oportunidades para nós, mulheres negras, posicionan-do-nos na base da pirâmide socioeconômica – recebemos menores salários e estamos sujeitas aos trabalhos mais precarizados, logo, lutamos para nos descolarmos dos espaços atribuídos a nós secularmente e, dessa forma, rompermos um ciclo de po-breza, cidadania limitada e violações de nossos corpos – ao contrário do que se ob-servou entre as mulheres brancas, o número de feminicídio entre as mulheres negras aumentou. Lutamos pelo fim do genocídio da população negra, lutamos por terra, contra a política de combate às drogas, contra o encarceramento da população ne-gra, contra o epistemicídio, contra a hipersexualização dos nossos corpos, contra a branquitude que nos fere e violenta emocionalmente, lutamos contra a solidão afeti-va; enfim, lutamos contra violências institucionais e estruturais.

A educação é uma ferramenta importante para superarmos as opressões de raça, gê-nero e classe porque muda a mentalidade e desnaturaliza violências, ela é o caminho para reflexão e problematização das estruturas de poder existentes em nossa socie-dade. Enquanto trabalhadoras em educação, temos o compromisso de lutar por uma educação pública de qualidade para as filhas e para os filhos das trabalhadoras e dos trabalhadores. Desse modo, defendemos uma educação contextualizada, que valorize a história das populações negra e indígena, que supere concepções machistas e hete-ronormativas, que seja contada a partir do nosso ponto de vista, que supere a colo-nialidade e proponha um outro modelo de sociedade. Precisamos de uma escola que preze pela multiplicação dos sujeitos e promova igualdade. Educar para a igualdade se faz fundamental nesse momento em que forças reacionárias tentam barrar o poder transformador da educação. Sabemos que o Golpe representa uma voz branca, mas-culina, neoliberal e esvaziadora das nossas pautas. Mais uma vez, a vida nos concla-ma às trincheiras para combater um governo opressor e lutar pela manutenção dos direitos conquistados, lutar contra a reforma trabalhista – que precariza com maior intensidade as trabalhadoras negras, lutar contra a redução da maioridade penal, lu-tar contra a reforma da previdência e os projetos de leis que legislam sobre os corpos femininos. Lutamos contra o desmonte do Estado Democrático de Direito. Nosso Es-tado foi golpeado por homens que estão criando leis antidemocráticas, todos os ter-ritórios estão em disputa, mas estamos em luta. 

Mulheres Negras são sinônimo de organização e luta contra violências e opressões, vivemos em marcha pelo direito de existir. Sem o protagonismo da mulher negra não haverá autenticidade na luta pelos direitos das trabalhadoras e trabalhadores porque a classe trabalhadora brasileira tem cor, não dá pra pensar classe separada de raça no Brasil. A riqueza e distinção socioeconômica em nosso país é um legado do sistema escravocrata, quando a racialização estabeleceu os lugares e papéis sociais de bran-cos e negros. Dito de outra forma, a riqueza do Brasil é fruto da exploração do traba-lho negro, portanto, queremos igualdade de direito e oportunidades, queremos usu-fruir da riqueza que geramos há séculos. Logo raça e gênero não podem ser pensadas como setoriais de movimentos partidários, sindicais e demais movimentos sociais, essas categorias são nexos estruturantes da sociedade. Silenciar mulheres ou relegar a pauta a segundo plano, em especial as mulheres negras, é silenciar a voz da classe trabalhadora brasileira. 

Ocupar espaços sem perspectiva de mudança não nos interessa. Queremos ocupar es-ses espaços para transgredi-los e transformá-los, queremos um outro modelo de so-ciedade; uma sociedade que não seja informada pela colonialidade, uma sociedade onde a cidadania não seja definida por raça, gênero e classe. Somos insubmissas, in-subordinadas e insurgentes porque nosso legado vem de mulheres que em rede se fi-zeram fortes e resistiram à desumanização, mantiveram-se persistentes e resistentes em seu sonho de liberdade, nossa luta é coletiva. Nossa marcha contra o pensamento colonial, a classe, o neoliberalismo, o racismo, o machismo e o patriarcado é irre-versível, não negociamos nossas pautas, nossos corpos, nossas lutas, nossas vidas. Seguiremos marchando por nosso sonho-projeto transgressor de liberdade até que todas e todos sejamos livres. Temos coragem de resistir e existir porque “nossos pas-sos vêm de longe.” 

Lutemos e sonhemos todas!


*Sou Mulher Negra e Crespa. Professora de História da Rede Municipal de Educação de Lauro de Freitas. Mestranda em Estudos Étnicos e Africanos pelo Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (Pós-Afro – UFBA). Especialização em Estudos Étnicos e Raciais pelo Programa de Pós-graduação em Estudos Étnicos e Raciais (CPGEER – IFBA). Sou militante dos coletivos: Candaces: Mulheres Negras e Jovens e Marcha do Empoderamento Crespo de Salvador.

** Tradução livre do título da antologia escrita pela feminista Barbara Smith nos anos 80





terça-feira, 6 de março de 2018

A MULHER E O TRABALHO: a verdadeira super heroína dos lares


Por Marilene Santana Santos*

Acorda às cinco da manhã, prepara café, almoço e janta, arruma os filhos pra escola, prepara a roupa do marido para ele ir trabalhar, ajeita a lancheira das crianças, dá ordens aos filhos, entre uma garfada e outra, dá uma olhada nas redes sociais, verifica se há algo no grupo do trabalho para levar ou discutir, dá orientações e sugestões à filha mais velha para cuidar do filho mais novo, penteia os cabelos.  Mesmo no limite do horário, ainda arranja um tempo para melhorar a arrumação da casa. Escova os dentes calçando os sapatos, olha para o relógio, percebe que já está perto de chegar a condução dos meninos, ufa... Despede-se das crianças e do marido, corre pra não perder o ônibus do horário. Consegue chegar não muito atrasada, recebe uma boa noite da diretora da escola que trabalha, dá um sorriso sem graça, mas não se deixar abater. Faz todo seu trabalho, se preocupa com fulano que não veio ou que está triste, procura saber dos pais o motivo. Dá o horário da saída, vai almoçar, entre uma mordida ou outra do seu grelhado, dá uma olhada naquele aluno que esqueceram na escola, aparece o responsável, procura saber o motivo do atraso, a essa altura, o almoço já esfriou, dá uma olhada no relógio percebe que só tem 10 minutos pra acabar de comer e descansar. Dá uma ligada para casa para saber dos filhos, Engole o resto, vai pra fila receber seus alunos do turno vespertino. Outra turma outros problemas, mas mesmo assim não desanima, resolve cada um deles. Da o horário pra ir pra casa, pega aquele ônibus cheio, torcendo pra alguém saltar logo pra poder sentar e descansar um pouco, dá uma cochilada de 15 minutos. Chega perto, salta uns pontos antes para ir ao mercado pra comprar o que falta nos mantimentos de casa. Chega em casa cheia de compras, vai arrumando, desembrulhando, enquanto faz isso pergunta se os filhos tomaram banho e fizeram as tarefas designadas. Bota a janta dos filhos depois de esquentar no micro-ondas. Chega o marido, bota sua janta também, mas manda antes tomar banho, resmunga mas vai. Ajeita a louça, vai orientar os filhos nas atividades da escola. Senta um pouco, dá uma olhada na novela. 10 minutos, levanta e vai colocar o filho pra dormir. Só depois disso é que lembra de tomar um banho. Verifica se todos já estão na cama, dá um beijo e faz uma oração. Lembra que tem que preparar a atividade para levar para o trabalho no dia seguinte. Acabou? Não! O marido ainda quer um carinho antes de dormir e ela também. Agora já é meia noite e tantas. Pega no sono, acorda....

Esse relato, mostra a realidade de muitos dias da rotina de uma trabalhadora de educação. Alguém que trabalha tanto em casa como no seu trabalho e ainda leva trabalho para casa. Ela, como muitas outras, não param durante todo o dia e as vezes chega em casa e o marido diz que não fez quase nada. Mulheres assim devem ser tratadas com todo respeito e consideração, pois são raros os homens que conseguem conciliar tantos afazeres ao mesmo tempo.

Até meados do século passado, as mulheres eram apenas tratadas como mulheres exclusivas do lar e foi com muita luta que conseguiram espaço para trabalhar fora, mas sem deixar de trabalhar dentro de casa.

Ainda há aquelas que não tem um companheiro e são a principal fonte de renda da família e vivem todo mês no limite. Isso acontece em cerca de 40% dos lares. Elas ainda recebem a menos que os homens em algumas profissões, mas em compensação tem mais escolaridade que os homens. Segundo IBGE 2010.

*Auxiliar de classe da Rede Pública Municipal de Lauro de Freitas, diretora sindical da pasta funcionários de escola na ASPROLF-Sindicato; graduada em fisioterapia pela Universidade Católica de Salvador, pós graduada em educação psicomotora pelo CESAP e em metodologias e estratégias de intervenção pedagógicas adequadas às crianças da educação infantil - Proinfantil

SECRETÁRIO SAI PELOS FUNDOS E PREFEITA FOGE DE REUNIÃO COM O SINDICATO


Como se já não bastasse a imagem negativa que a educação municipal de Lauro de Freitas vem produzindo na grande mídia baiana, hoje, o secretário de educação saiu pelas portas do fundo de uma escola para não dar entrevista e a prefeita ‘fugiu’ do diálogo com os trabalhadores

A segunda reunião que discutiria o modus vivendi e a deliberação para os processos administrativos da educação que estão parados há anos, marcada pela prefeita Moema Gramacho para a tarde de hoje (6), no Centro de Cultura de Portão, com a ASPROLF e Comissão Paritária, não aconteceu.

A reunião não aconteceu devido às ausências da prefeita e dos secretários Paulo Gabriel e Ailton Florêncio. A justificativa dada por um representante do governo foi de que ninguém do Executivo – inclusive Moema -  tinha conhecimento dessa agenda e estava em outro compromisso.
O descaso com a educação tem comprometido a imagem da educação municipal da gestão Moema Gramacho, que tem sido pauta nos principais jornais das emissoras de televisão da Bahia. Mais cedo, o secretário de educação Paulo Gabriel Nacif saiu pelos fundos da escola de Vida Nova, para não atender a equipe da TV Bahia. Ele participava de uma reunião com pais de alunos e professores da escola municipal Príncipe da Paz, onde discutia a problemática da unidade - também denunciada pela Rede Bahia e TV Record, já há três semanas seguidas. Enquanto isso, alunos e pais protestavam do lado de fora do portão.

Sem a prefeita, peça principal do governo na mesa de negociação, e também sem nenhum secretário, os representantes dos trabalhadores em educação, ainda no Centro de Cultura de Portão, se reuniram para debater a não reunião pela ausência do Executivo. O Presidente da ASPROLF, Valdir Silva, protocolou um documento de insatisfação dos trabalhadores à Secretaria de Governo, presente por meio de seu representante.

A Comissão Paritária por parte dos trabalhadores em educação também deliberou a produção de um documento ofício que será entregue à prefeita, reafirmando a indignação com o ocorrido e reivindicando uma nova reunião para acontecer até a próxima sexta-feira (9). Caso contrário, a categoria fará uma assembleia geral extraordinária na terça-feira (13), pela manhã, com indicativo de greve por tempo indeterminado.

segunda-feira, 5 de março de 2018

A ARTE DE ENSINAR A PENSAR: a importância de refletir sobre a mulher na sociedade contemporânea



Nicoletta Ceccoli

*Por Raquel Maciel Paulo dos Anjos

A educação básica é, sem dúvida, o campo de atuação profissional de maioria feminina, assim como vemos na Rede de Lauro de Freitas.  E, coincidentemente ou não, é a profissão de nível superior que ainda ganha menos e que mais luta por melhores condições de trabalho. Atuar na educação básica no Brasil é um desafio, e, para quem é consciente do seu papel social, é também uma luta diária. A professora faz de sua prática em sala de aula uma verdadeira arte quando ensina muito mais que apenas os conteúdos de sua disciplina, mas através do exemplo, na criatividade na lida com escassez de recursos materiais e com as péssimas condições de trabalho, além da desenvoltura na relação com os mais diversos problemas sociais estruturais. Mesmo em meio aos golpes contra a educação, muitas persistem a estudar, pesquisar, criar e se reinventar, buscando alternativas transformadoras e participando tanto das atividades escolares quanto das ações sociais e políticas na tentativa de melhorar a realidade em que atua. A educadora consciente do seu papel não apenas ensina os conteúdos de sua disciplina, mas pensa a educação, o seu contexto e se reinventa. 

Pensar sobre o lugar em que a sociedade tem colocado a mulher não deve ocorrer apenas em torno do dia internacional da mulher, mas porque as mulheres, em especial as mães, são base da nossa sociedade. Muitas sustentam a casa e cuidam dos filhos mesmo sem o apoio dos pais. Aliás, observando o mapa da violência na Bahia e no município de Lauro de Freitas vemos o feminicídio crescer vertiginosamente. As campanhas mais recentes, divulgadas na TV e nas ruas, não são suficientes para educar uma sociedade estruturalmente machista, que tem reservado para mulher um lugar ainda inferiorizado. Mesmo considerando as conquistas dos movimentos feministas, a mulher ainda não é completamente livre, com homens legislando sobre o seu corpo, como o atraso da ilegalidade do aborto. A mulher, de modo geral ainda ganha menos do que o homem. Ainda luta para ser respeitada no trabalho e em cargos de liderança. Luta pelo direito de ser mãe. Pelo direito de ser mais que um corpo. Pelo direito de ter um corpo. E ainda luta contra relacionamentos abusivos e pelo direito de não ser assediada pelo simples fato de ser mulher.

Muitas foram as conquistas das mulheres e ocupamos cada vez mais espaços. Mas ainda temos um muro enorme a destruir se quisermos construir uma sociedade que ofereça equidade em seus direitos.  Por isso, a escola, independentemente da disciplina, deve atuar de modo a desmascarar as injustiças e o machismo que se revelam nas entrelinhas.  A conscientização é fundamental para engendrar transformações de base - e essa conscientização deve acontecer a partir da experiência da reflexão. Pensando em promover um processo educativo significativo e transformador é fundamental que, enquanto educadoras e educadores, façamos da escola um espaço de acolhimento, expressão criativa e reflexão onde meninas e meninos obtenham iguais direitos e deveres. Assim, formaremos cidadãs e cidadãos capazes de agir de maneira crítica em meio aos desafios de uma sociedade mergulhada em transformações.


* Professora de Filosofia de Ensino Fundamental II na Escola Municipal de Vida Nova. Mestranda em Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação pela UNEB. Possui graduação em Filosofia e especialização em Arte Educação, Cultura Brasileira e Linguagens Artísticas Contemporâneas pela UFBA.

sábado, 3 de março de 2018

LUGAR DE MULHER É NA LUTA


Por Andreia dos Anjos Barbosa*

Apesar do histórico de discriminação no mercado de trabalho e da dupla exploração: de gênero e de Classe, através do processo de industrialização brasileira, as mulheres vêm conquistando seu espaço em diversos setores da sociedade. Isso mudou a partir da revolução feminista no século XIX com a conquista do direito ao voto, igualdade política, entre outras.

A imagem da mulher como ‘bela, recatada e do lar,’ (a ‘Amélia’), ficou em um tempo remoto, perdido no passado. A prova disso está nas ruas, nas mobilizações, na sua presença em todos os espaços sociais, profissões que antes eram exclusivamente ocupadas por homens, hoje também são muito bem dominadas por mulheres. 

Isso, de uma maneira recente, através das reivindicações por direitos, demonstra que fizemos nossa parte na lição de casa, aproveitando e adentrando todos os locais conquistados de forma competente. Vale ressaltar que não foi fácil. A mulher lutou muito para chegar onde chegou, e sabe que ainda há muito o que conquistar: ‘o céu é o limite.’

Tímida, a presença feminina nos movimentos sindicais começou na virada do século XIX, isso porque, naquela época, elas não eram bem vistas nesses espaços. O mundo girou, as grandes mudanças trabalhistas vieram e a presença da mulher foi inevitável. Foi assim na histórica greve dos professores da cidade do Salvador em 1918, com a participação maciça das educadoras. 

Ela é mulher, profissional, mãe, cumpre tripla jornada diária, e mesmo assim sua presença no sindicato não apagou seu lado terno, ao contrário, fortaleceu a luta pela sua sensibilidade e inteligência. O interesse das trabalhadoras pelos movimentos sindicais cresceu e hoje, em Lauro de Freitas – BA, temos como exemplo as trabalhadoras da Rede da Educação Municipal, que através de seu sindicato ASPROLF, engrandecem e fortalecem a luta local de um sindicato que tem em sua composição um quantitativo relevante de mulheres que se sentem bem acolhidas e com o mesmo poder de liderança, que lutam diariamente pela construção e manutenção de uma educação pública de qualidade. 

A luta continua!

* Vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Lauro de Freitas, licenciada em letras com Inglês pela União Metropolitana para o Desenvolvimento da Educação e Cultura – UNIME, e pós graduada em Metodologia e História da Cultura Afro. 

sexta-feira, 2 de março de 2018

MENINAS PEQUENAS, NEGRAS E POBRES: por novas experiências de felicidade nos currículos escolares no município de Lauro de Freitas


Por Fátima Santana Santos*

O processo de construção identitária de uma menina negra e pobre, no Brasil, é uma “tarefa” muito complexa, depois da família a escola torna-se um espaço decisivo para como essas construções se solidificam e se amalgamam nos corpos dessas crianças.

Essas experiências precisam ser construídas pelos coletivos através de novas insurgências, nas quais os espaços educativos possam promover e ressignificar o seu currículo  a partir da lei 10.639/03, e de novas concepções que todos os dias nascem nos bairros, favelas, comunidades, terreiros e territórios.

Ainda enfrentamos nas instituições de educação infantil do município de Lauro de Freitas problemas como espaços inadequados para as crianças pequenas, falta de profissionais, baixa qualidade na alimentação escolar, e tantas outras precarizações, portanto,  ao invés de nos debruçarmos em ampliarmos as propostas curriculares,  caminhamos lutando por direitos elementares.

As meninas pequenas, negras e pobres que adentram nossas escolas nos inspiram a seguirmos resistindo. Elas, em meio as dificuldades, tornam-se curriculantes pois sentem e pensam o mundo de forma muito peculiar, são elas que convocam e nos provocam a lutarmos por uma pedagogia engajada.

É preciso que as nossas meninas vivenciem suas experiências positivas e de representatividade no âmbito escolar na perspectiva da emancipação onde novas provocações sejam construídas sobre o currículo escolar em instituições de Educação Infantil.

Desta forma, desejamos que a experiência com a felicidade traduzidas em história de muitas meninas pequenas, pobres e negras promovam de forma potente novas reflexões sobre o ensino das relações étnico-raciais no Brasil, e que essas experiências com os seus coletivos e com os seus mundos,  possam empoderá-las  a escrever, criar, dançar, brincar, construir novas e tantas outras histórias.

*Mestranda no Programa de Pós-graduação em Ensino em Relações Étnico-Raciais - UFSB, possui graduação em Pedagogia - Faculdades Integradas Olga Mettig (2008), Psicopedagogia pela Psicoped, atualmente é Coordenadora Pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil Dr. Djalma Ramos, foi ganhadora do Prêmio Arte na Escola Cidadã no ano de 2015 no segmento educação infantil, com o projeto Dr. Djalma Ramos e seu amor por Riachão, é Especialista em educação Integral para Gestores e Coordenadores da Rede Pública de Ensino da Região Metropolitana de Salvador, e discente do Curso de Especialização Pobreza, Desigualdade e Educação - UFBA.

quinta-feira, 1 de março de 2018

MANIFESTEM-SE MULHERES: Palavras das educadoras de Lauro de Freitas



Por Ladjane Alves Sousa*

A mudança é sempre um convite feito cotidianamente para cada mulher, homem, seja criança, adolescente, adulto ou idoso. Nem sempre é fácil, muitas vezes é como arrancar, em dias que o coração está nublado, uma poesia suave do esconderijo que a alma tanto guarda.

Nós trabalhadoras em educação das escolas públicas para os populares, coletivo estes dos quais também fazemos parte, pois somos os mesmos pobres, negros, e trabalhadores assalariados, aprendemos que as mudanças que nos valorizam profissionalmente no Município de Lauro de Freitas, assim como em todo o Brasil, se fazem frente às lutas.

Em pleno ano de 2018, ainda lutamos por garantia de direitos como: qualificação profissional, efetivação do plano de carreira, direito a plano de saúde e, em muitos casos, direito a garantia do recebimento do salário.

Faz 100 anos que ocorreu a primeira greve de professores primários em Salvador, município mais próximo de nossa cidade, e ao que tudo indica a primeira greve deste coletivo de trabalhadores no Brasil, onde, entre janeiro a março de 1918, as professoras estavam nas ruas, na frente da Intendência Municipal lutando pela remuneração mensal.

As mudanças em Lauro foram muitas, as paisagens de areias e coqueirais já não se fazem presentes, uma grande urbanização foi efetivada devido, entre outros fatores, à construção da Estrada do Coco, bem como, ao surgimento do Bairro Vida Nova, em consequência de migrações internas, mas, ainda convivemos, em nosso território, após um século da primeira greve de professores primários, com a luta pela garantia de direitos.

É urgente a construção de outras possibilidades de coexistir, pois caminhamos sobre a lógica do dominante, das políticas neoliberais e as consequências da globalização, e ainda a permanente amalgamação a um projeto masculino de sociedade. 

Somos um coletivo diverso, preenchidos de especificidades, então nos cabe lutar, nos manifestando, colocando nossas particularidades frente a um modelo de sociedade que nos exclui e marginaliza nossas diversidades subjetivas e objetivas. 

É chegada a hora de reinventarmo-nos, caminhando com o nosso oposto, em silêncio, como nos foi ensinado, e como ainda aguentamos ou insistimos em praticar, mas também com palavras, gritos e sonhos, pois precisamos ser além da presença, mulheres de ideias. Comecemos com a força das palavras escritas, lidas, proferidas, cantadas nas jornadas de trabalho construídas nos protestos nas ruas. 

Manifestem-se mulheres, pois nós educadoras, nas tantas funções que exercemos, professora, serviço geral, administrativo, auxiliar de classe, cuidadora, porteira, entre outras, fazemos parte da história dos subalternos, que vêm sendo atravessada de acomodações, mas tão fortemente de negociações, transgressões, lutas, entre outras características, na busca por mudanças, construídas sempre a partir do lugar de quem fala, vive e sente sua época, pois as sensibilidades cotidianas dos subalternos não são estáticas.

*Mestra em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia 
Coordenadora Pedagógica da Escola Municipal Paulo Freire

ASPROLF DIALOGA COM BASE DO SIMMP EM VITÓRIA DA CONQUISTA

Cumprindo mais uma etapa da agenda de unificação dos sindicatos municipais da Educação do Estado da Bahia, a ASPROLF, representada pelos ...